quarta-feira, 10 de maio de 2017

Governos de MS e MT deverão unir forças contra degradação do Pantanal

Medidas têm objetivo de preservar o bioma e promover ações pela exploração sustentável da região.

Anahi Gurgel e Lucas Junot
Governador Reinaldo Azambuja participa de seminário sobre preservação e recuperação do Pantanal. (Foto: André Bittar)Governador Reinaldo Azambuja participa de seminário sobre preservação e recuperação do Pantanal. (Foto: André Bittar)
Os governos do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso deverão unir forças e assumir compromissos em prol da preservação e recuperação do Pantanal. A meta é elaborar políticas públicas e dispositivos legais para exploração econômica e sustentavel da região, diante do avançado estado de degradação de um dos mais importantes biomas mundiais.
A questão foi levantada durante o “1º Seminário Internacional Três Biomas - Pantanal, Okavango e Everglades: Desafios e Oportunidades”, realizado na tarde desta terça-feira (9), no plenário da Assembleia Legislativa, em Campo Grande. 
O evento reuniu pesquisadores de outros países que já realizaram métodos com bons resultados como em Everglades (Flórida/EUA) e Okavango (Botswana/África), e que poderiam ser aplicados no Pantanal, que possui total de 7,7 milhões de hectares.
Durante o encontro, foi apresentado estudo com um mapeamento do Pantanal, envolvendo territórios do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Nele, foi constatado que 84% da área estão preservados, mas que 15,7% já estão tomados por pastagens exóticas, ou seja, onde foi removida vegetação nativa e introduzidas espécies para o gado.
A pesquisa, desenvolvida por Eduardo Reis Rosa, da Sigga Consultoria Ambiental, revela números alarmantes nas regiões mais elevadas. No planalto pantaneiro, onde estão localizadas as nascentes que mantém os ciclos de cheias e vazantes, a degradação atinge 63% das áreas. Apenas 37% estão preservadas.
Plenário da Assembléia Legislativa durante evento que debateu a preservação do Pantanal, nesta tarde. (Foto: André Bittar)Plenário da Assembléia Legislativa durante evento que debateu a preservação do Pantanal, nesta tarde. (Foto: André Bittar)
Uma das preocupações dos especialistas é que a deterioração dessas áreas mais elevadas provoca o assoreamento de rios, em consequência do alto volume de sedimentos carreados para as localidades mais baixas. Um exemplo crítico é o Rio Taquari, praticamente condenado à extinção. 
O estudo concluiu que a “porta leste do Pantanal” concentra o mais avançado estado de degradação da vegetação. A análise vem sendo feita desde 2002, sendo que a partir de 2012, os números indicam acelerado processo de desmatamento: a média anual, é de 1.106 quilômetros quadrados de vegetação destruída.
“Esse é um alerta para a sociedade. A vegetação está sendo convertida para pastagem e os sedimentos do planalto ameaçam a planície pantaneira com o assoreamento. A recuperação do cerrado é prioritária”, disse Eduardo Reis.
“Não podemos discutir o Pantanal em Mato Grosso do Sul separadamente do Mato Grosso. O bioma é um só e é por isso que temos que sentar todos à mesma mesa”, disse o governador sul-mato-grossense, Reinaldo Azambuja (PSDB). O comprometimento dos governos estaduais pela preservação ambiental está prevista no Código Brasileiro Florestal
Ele ressaltou que a Assembleia Legislativa já está discutindo uma nova legislação da pesca, que corrobora com a preservação do bioma. “Temos que explorar com sustentabilidade, discutindo por exemplo a pesca esportiva, de subsistência e o potencial turístico que temos aqui”.
“Existe um ditado de quer toda escolha é uma renúncia. Não precisa ser assim com o Pantanal. Infelizmente, quando se fala em preservação de bioma brasileiro, só se discute Amazônia. Mas vale ressaltar que o Pantanal é fundamental para o planeta", afirmou Roberto Klabin, diretor da SOS Pantanal.
O seminário contou com a presença de Pierre Cyril Renauld, da Universidade de Angers, da França, Cristopher Roche, da empresa de Turismo da Africa do Sul, Wildernes Safaris, e representantres de órgãos públicos, instituições, associações e pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

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