quinta-feira, 1 de dezembro de 2016


MS recebe dados sobre mudança do clima


Estudo analisa a vulnerabilidade dos municípios do Mato Grosso do Sul em relação aos impactos da mudança climática global.

WALESKA BARBOSA
Por causa das alterações no volume de chuvas e da elevação de temperatura, o Pantanal pode passar por eventos climáticos extremos, como secas e alagamentos, nos próximos anos. O dado faz parte de pesquisa inédita do Ministério do Meio Ambiente (MMA), realizada em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). 
O levantamento foi apresentado no seminário Indicadores de Vulnerabilidade à Mudança do Clima, que ocorreu nesta quarta-feira (30/11), em Campo Grande (MS). Faz parte de um projeto que visa à elaboração de um modelo de análise da vulnerabilidade dos municípios em relação aos impactos da mudança climática global.
Os estados do Espírito Santo, Pernambuco, Paraná, Maranhão, Amazonas e Mato Grosso do Sul, representativos por bioma, também fazem parte do projeto. 
POLÍTICA ESTADUAL
No estudo, 79 cidades do Mato Grosso do Sul foram analisadas. Com isso, o levantamento deve subsidiar a implementação do Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA), coordenado pelo MMA, e orientar as políticas dos governos estaduais visando à proteção da população em seus territórios.
De acordo com a gerente do Departamento de Licenciamento e Avaliação Ambiental do MMA, Celina Xavier de Mendonça, o objetivo é mensurar a vulnerabilidade das pessoas em relação à mudança do clima. “As informações nos dão possibilidades de agir”, explicou.  
A técnica Lia Cruz, da Secretaria de Mudanças Climáticas do Ministério, participou do seminário, onde apresentou o PNA. “Destaquei o seu processo de elaboração, realizado de forma colaborativa entre governo, especialistas e sociedade civil”, disse.  
RESULTADOS
De acordo com os dados coletados, a porção norte do estado de Mato Grosso pode apresentar um aumento de até 5,8°C graus na temperatura e uma redução de até 19% no volume de chuvas nos próximos 25 anos. Já a porção sul corre o risco de ser a mais afetada em relação ao número de dias secos consecutivos no ano, índice chamado de CDD. 
Na parte leste do estado, a pluviosidade pode reduzir até 17,6% e a capital, Campo Grande apresentar uma elevação de 5,4°C na temperatura e uma redução de 8,3% na precipitação. Em relação ao número de dias seguidos sem chuva, a capital pode ter uma diminuição de 5,4%. 
Em todo o estado pode haver diminuição na pluviosidade, variando entre 2,3% e 19,3%. Em relação aos dias mais secos, na porção sul do Mato Grosso do Sul o aumento dos dias seguidos sem chuva pode chegar a 12,6%.
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
As mudanças climáticas podem influenciar a dinâmica de algumas doenças, principalmente as transmissíveis. Fatores como temperatura e precipitação podem interferir no ciclo reprodutivo de insetos transmissores de enfermidades. 
Para o estudo do Mato Grosso do Sul, o projeto avaliou o peso da dengue, leptospirose, leishmaniose tegumentar americana e visceral sobre a população, além de considerar também o índice de mortalidade infantil por doenças intestinais e ataques de animais peçonhentos e venenosos (aranha, escorpião e serpente).
Todos os resultados da pesquisa serão disponibilizados em uma publicação prevista para ser lançada no primeiro semestre de 2017.
GRUPO DE TRABALHO
Adaptação à mudança do clima também foi tema de reunião realizada em Brasília nesta quarta-feira (30/11). Durante todo o dia, o Ministério do Meio Ambiente sediou a I Reunião do Grupo Técnico de Adaptação à Mudança do Clima (GTA). 
Entre os resultados está a instalação do Grupo de Trabalho Temático (GTT) sobre monitoramento. Para o analista Pedro Christi, da Secretaria de Mudanças Climáticas, o monitoramento é uma forma de organizar a participação de muitos atores dentro de um mesmo projeto. “Tem como missão além de informar à sociedade, atuar como um instrumento de coordenação”, esclareceu. 
O GTA tem caráter permanente, consultivo e o objetivo de promover a articulação entre órgãos e entidades, públicas e privadas para promover a implementação, monitorar, avaliar e revisar o Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima (PNA), além de poder instituir Grupos de Trabalho Temáticos (GTTs) para discussão de temas e iniciativas específicas.                                               
De acordo com o secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA, Everton Lucero, o PNA é um instrumento que o governo deve utilizar para reforçar as ações de mitigação e adaptação previstas. “Nesse momento devemos fazer um exercício de priorização de ações, de identificação de gargalos e de busca de formas inovadoras de financiamento para colocar em prática as metas brasileiras para redução dos efeitos do clima”, afirmou. 
Para Celina Xavier, o PNA está em processo de implementação, mas 16 das suas 22 propostas já estão em andamento. “Elas envolvem entes federados, sociedade civil e o setor privado”, disse.