Segunda-feira, 15 de Junho de 2009 08:44
Por José Tibiriçá Martins Ferreira (*)
Antes da divisão do Estado de Mato Grosso, criou-se à revelia o Estado de Maracaju, sem a autorização da União e existiu de 10 de julho a 02 de outubro de 1932.
Segundo os historiadores Bertoldo Klinger comandava a Circunscrição Militar de Mato Grosso e por divergência com o Presidente Getúlio Vargas foi exonerado, sendo que a partir daí passou a ser o Comandante Supremo das Forças Constitucionalistas, com o apoio da sociedade civil do Sul do Estado.
Foi assim instalado o Estado de Maracaju, tendo como sede a Loja Maçônica Oriente de Maracaju, na avenida Calógeras, sendo empossado como governador o médico Vespasiano Barbosa Martins, nascido em12/12/1889 em Cuiabá, que primeiramente clinicou em Cáceres-MT e posteriormente mudou-se para Campo Grande, onde passou a clinicar.
Foi quatro vezes prefeito de Campo Grande e senador por dois mandatos, suas lutas e suas idéias contagiaram várias pessoas, inspirados na Revolução Constitucionalista de 1932, que acabaram levando-o e seus companheiros a atuar na vida política do Estado, sendo fonte de inspiração para separação primeira do Estado de Mato Grosso.
O Estado de Mato Grosso do Sul foi criado através da Lei Complementar no 31, de 11/10/1977, no governo do General Ernesto Geisel, cujo nome passou a ser nominada a Rua Marginal de Campo Grande para Presidente Ernesto Geisel, homenageado ainda vivo, tendo falecido em 12 de setembro de 1996, no Rio de Janeiro.
Dois presidentes nasceram no Mato Grosso uno, o Marechal Eurico Gaspar Dutra, cuiabano, sendo o décimo sexto presidente do Brasil, de 31 de janeiro de 1946 a 31 de janeiro de 1951, eleito pela Coligação PSD/PTB e antes de ser presidente, como militar, combateu a Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo, sendo recomendado para promoção de General de Divisão em 1932, na época era a patente mais alta.
A Revolução Constitucionalista de 1932 ou Guerra Paulista, assim também nominada, foi o movimento armado ocorrido no Brasil, entre os meses de julho a outubro de 1932, pois o Estado de São Paulo planejava a derrubada do Governo Provisáorio de Getúlio Dorneles Vargas e a promulgação de uma nova constituição.
Quanto a Jânio da Silva Quadros, campograndense, mudou-se na década de 30 para São Paulo, onde se formou-se na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, foi também professor e ali iniciou a sua carreira política, eleito pela UDN, vigésimo segundo presidente do Brasil, tomou posse em 31 de janeiro de 1961 e renunciou o mandato em 25 de agosto de 1961, alegando que "forças terríveis" o obrigaram a esse ato.
Em 1968, com 16 anos, eu cursava o primeiro clássico no Seminário Santo Antonio em Agudos e lendo o jornal O Estado de São Paulo fiquei sabendo que o ex- presidente Jânio da Silva Quadros e sua esposa Eloá tinham sido levados à força para Corumbá num velho D-C3 como punição por fazer críticas ao governo do Presidente Marechal Arthur da Costa e Silva, ocasião em que meus colegas me fizeram chacotas, fiquei chateado e como bom matogrossense não respondi nada.
Os nossos dois presidentes nunca apoiaram a divisão do Estado de Mato Grosso pelas pesquisas que fiz.
Em 1976, eu cursava o primeiro ano de ciências jurídicas na Faculdade de Direito de Campo Grande e tive a oportunidade de assistir um debate no teatro Dom Bosco entre o Padre Salesiano Raymundo Pombo Moreira da Cruz, cuiabano, professor, além do magistério, dedicava-se às artes literárias e teatrais.
No teatro, produziu inúmeras peças, tais como Heróis Hordiernos; Educação Moderna; O Último Pelotão; Caduquice de Avô; A Múmia de Tibiriçá, cuja estória se passa quando um colecionador de quinquilharias compra o sarcófago do Grande Chefe Guaianás, que, por sua vez, acorda da morte e vê o mundo completamente mudado.
Trata-se da múmia do cacique Tibiriçá, que, tendo vivido na época do descobrimento do Brasil, viaja 400 anos no futuro e se vê no meio da cidade de São Paulo, em pleno século XX. O resultado é muita confusão.
Padre Pombo era contra a divisão, quando afirmara naquele debate que inteiro Mato Grosso teria mais chances de crescer, enquanto Paulo Machado Coelho, escritor historiador, advogado e professor de Direito, nascido em Campo Grande, onde foi vereador, defendia a divisão do Estado.
Nasceu o Estado de Mato Grosso do Sul e muitos diziam que era hora do Sul deixar de carregar o Norte, sendo que políticos taxaram o povo cuiabano de preguiçoso e indolente.
A vontade da classe política foi feita, nomearam como primeiro governador, o Engenheiro Harry Amorim Costa para administrar o nosso Estado, sendo empossado no dia 31 de março de 1978 e políticos contrários a ele diziam que ele tinha substituído o café pelo chimarrão.
Seus companheiros de primeira hora foram o ex-cabo do exército Levy Dias, que como estudante no Dom Bosco de Campo Grande, tornou-se presidente da UCE- União Campograndense de Estudantes, nomeado pelo Engenheiro Pedro Pedrossian administrador do Morenão, cujo maquinário para derrubar o cerrado foi comprado na Armênia, terra natal dos avós do governador e naquele tempo não se pensava ainda em crime ambiental, era o velho Mato Grosso.
Dos políticos daquela época, os únicos que sobreviveram às intempéries foram os deputados Ari Rigo e Londres Machado, este assumindo por várias vezes como presidente da Assembleia Legislativa durante o período de nomeação e exoneração dos governadores, sendo os mais antigos, o primeiro com 30 anos de vida pública, como bem disse ele na posse do prefeito atual de Dourados e Londres recordista de mandatos.
Dr Harry Amorim não chegou a completar um ano, foi apeado do poder pelas mãos de Pedro Pedrossian, José Manuel Fontanilha Fragelli e Antonio Mendes Canale, todos da ARENA, sendo nomeado para seu lugar o prefeito de Campo Grande, Engenheiro Marcelo Soares Miranda, mineiro, mas não demorou muito e foi para casa, através do dedo do senador Pedro Pedrossian, que foi empossado em seu lugar pelo ministro Abi Akel, ministro da Justiça do presidente João Batista Figueiredo.
O homem de Miranda deixou Canale e Fragelli e os demais chupando o dedo, formou-se a partir daí uma oposição incluindo Marcelo, Canale e Fragelli. Em 1982 Doutor Wilson Barbosa se elege governador, Marcelo Miranda vira senador e Pedro não consegue eleger o sucessor. Quatro anos depois Marcelo Miranda volta como governador eleito, Dr Wilson vira senador, Mendes Canale assume a vaga de Marcelo Miranda como senador.
Em 1990 volta Pedro Pedrossian eleito pelo voto direto e em 1994 retorna Dr Wilson outra vez e em 1998 lança como candidato o seu ex-secretário de fazenda Ricardo Bacha, Pedro Pedrossian também se lança candidato e o bancário José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca também sai e ganha a eleição, acabando com a era Pedro/Wilson e permanece no poder por 08 (oito) anos.
Zeca precisava aparecer na mídia e usou como market mudar o nome do Estado de Mato Grosso do Sul para Estado do Pantanal, mas nada é como a gente quer, encontrou resistência, afinal nem todos queriam ser pantaneiros, tinha muita gente que tinha nascido em terra seca, estranho, afinal o pantanal pertence aos dois estados e seria a mesma coisa dizer que o Rio Paraguai só pertence ao Paraguai, nasce na Chapada dos Parecis em Mato Grosso, assim também é nosso.
O Rio Uruguai que nasce na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina da fusão dos rios Canoas e Pelotas, também é nosso e vai em direção ao mar e do encontro com o Rio Paraná, forma o Rio da Prata.
Uma das desculpas para a divisão foi de que não queriam mais sustentar o norte, agora perguntamos, o que de bom aconteceu, nesses mais de 30 anos? Pelo que dizem houve aumento de dívidas, muita gente ficou rica à custa dos cofres públicos, enquanto que Mato Grosso ao contrário do que diziam, cresceu em tudo e parece que sua dívida é menor que a do Estado de Mato Grosso do Sul.
Depois da insensatez em trazer Luiza Botelho da Silva, conhecida depois do Rio Paraná como Luiza Brunet, nascida em Itaporã, caíram na besteira de querer trocar o nome da rodovia Dourados/Itaporã, do pioneiro douradense Pedro Palhano para Luiza Brunet, mas o projeto fracassou, afinal o governador, os deputados Arroyo e Gerson Domingos não imaginavam que o Jaguapiru ia reagir. Nós douradenses queremos saber quanto a atriz levou, pois de graça nem o santo ajuda, tem que acender vela.
Poderiam ter levado como garoto propaganda o Sr. Paulino, 90 anos, nosso atleta, nascido em Cantagalo-Rio de Janeiro, aqui radicado por mais de 40 anos e que muito bem nos tem representado nas maratonas da São Silvestre em São Paulo.
Nosso Estado deve sim continuar com o nome Mato Grosso do Sul, este foi o desejo do passado, não é o fato de termos perdido a sede da copa de 2014, que seja motivo de mudança para pantanal, afinal ele pertence aos dois estados.
A imprensa noticiou que foram coletadas 15 assinaturas para proposição de um requerimento pelo deputado Antônio Carlos Arroyo (PR), em apoio "ao aprofundamento do debate". "O nome atual nos causa muitos transtornos e não ajuda a divulgar nossas belezas naturais", diz Arroyo..
Se fora do nosso estado muitos fazem confusão sobre o nosso Estado, vamos fazer uma divulgação a nível de Brasil que a capital de Mato Grosso é Cuiabá e de Mato Grosso do Sul chama-se Campo Grande. Ou vamos voltar a pertencer a Mato Grosso?
Interessante que mesmo havendo a divisão ainda Dourados e Corumbá continuam citadas em seu hino, é só ler a penúltima estrofe: Dos teus bravos a glória se expande de Dourados até Corumbá. O ouro deu-te renome tão grande. Porém mais, nosso amor te dará!
Será que nossos deputados estaduais não têm coisa mais importante para se preocupar, Duarte e Arroyo ficam brigando por causa do Trem do Pantanal, ainda mais nessa crise da agricultura, pecuária, segurança, saúde, trabalho.
Tenho uma sugestão muito boa: recriar o Estado de Maracaju, em homenagem à serra mais importante do nosso Estado, cuja sede provisória já foi a Loja Maçônica Oriente de Maracaju, fundada em 1923, localizada na rua Calógeras, em Campo Grande e caso seja acatado o nome para Estado de Maracaju, poderíamos escolher como capital a cidade de Dourados e teríamos como sede provisória do governo a Loja Maçônica Antonio João No 5 de Dourados e até poderámos trazer de volta o Trem, ligando Campo Grande novamente a Ponta Porã com o nome de Trem do Tereré.
Hoje estão discutindo na ACED a proposta para se eleger um senador para Dourados e a proposta da mudança para Estado de Maracaju, poderíamos também discutir futuramente, afinal Dourados é terra de Antonio João.
(*) José Tibiriçá Martins Ferreira, douradense nato, licenciado em Letras com Inglês, advogado, estudante do idioma guarani ñandéva.
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