domingo, 11 de outubro de 2009

Futuro de MS será de crescimento chinês, dizem Zeca e Andréh



Após três décadas, MS começa a diversificar economia

Edivaldo Bitencourt
Marcelo Victor

André e Zeca falam sobre o que esperam para o futuro do Estado.
Criado há 32 anos para ser estado modelo e usufruir do “boom” econômico vivido pela região sul do então Mato Grosso uno, Mato Grosso do Sul começa a dar os primeiros passos para mudar a matriz econômica e se consolidar como um dos principais estados brasileiros.

Esta é a conclusão das entrevistas realizadas na semana passada pelo Campo Grande News com os dois principais protagonistas da política sul-mato-grossense nos últimos 13 anos. O ex-governador Zeca do PT foi gestor por dois mandatos, e hoje o comando é de André Puccinelli (PMDB).

Puccinelli e Zeca do PT já disseram que vão disputar o Governo no próximo ano, repetindo a histórica disputa de 1996, quando o peemedebista venceu a eleição para a prefeitura de Campo Grande por 411 votos.

Com 2,265 milhões de habitantes, distribuídos em 357.124 quilômetros quadrados, e PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 24,3 bilhões, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Estado começa a ter perspectivas de “crescimento chinês” com a implantação de mega empreendimentos em duas áreas: celulose e minério.

Além destas duas áreas, Mato Grosso do Sul deverá ter um salto impressionante no setor de açúcar e álcool, já que o número de usinas deverá triplicar já neste ano e poderá ser 10 vezes maior em cinco anos.

Desde a criação, em 1977, o Estado tem a sua economia baseada no binômio de soja e gado. Apesar do destaque na venda de carne, Mato Grosso do Sul deixou de ostentar o título de maior rebanho bovino do País há dois anos. Apesar de ter 21,8 milhões de bovinos, ele foi ultrapassado pelo Mato Grosso (25,6 milhões) e por Minas Gerais (22,5 milhões) e corre o risco de ficar atrás de Goiás (20,4 milhões), segundo a Pesquisa Pecuária 2007 do IBGE.

Se a princípio, estes dados seriam considerados más notícias, outros dados são comemorados por Zeca do PT e Puccinelli.

Minérios - Projetos encampados há 10 anos pelo petista José Orcírio começam a sair do papel, como é o caso do pólo minero siderúrgico de Corumbá.

O petista prevê a chegada de novas indústrias na área de plástico, fertilizantes e GLP a partir dos derivados do gás natural importado da Bolívia.

“Temos perspectivas enormes”, ressaltou Zeca do PT. Mas com o crescimento econômico previsto, Mato Grosso do Sul passa a ter outro desafio, a falta de infra-estrutura logística, no caso de rodovias, ferrovias e hidrovias, alerta ele.

Zeca aponta a importância de se melhorar a situação das rodovias federais consideradas prioriatárias para o Estado, "como a BR-163, 262 e 267", elenca o petista.

Tanto ele, quanto Puccinelli, descartam a realização de grandes obras, como ocorreu no passado. Mas ambos reconhecem a importância da pavimentação para reduzir o custo da produção.

São necessários pavimentar, no mínimo, mais mil quilômetros, além de obras já previstas no Plano MS Forte, lançado neste mês. Nas estradas estaduais, uma das prioridades é a MS-040, que o governo Puccinelli luta para federalizar e por no mapa da produção uma área de 1,5 milhão de hectares.

Zeca do PT também considera fundamental a interlocução com o Governo Federal para viabilizar os projetos e para trazer novos investimentos para o Estado. “Precisamos chamar para o diálogo”, destacou o petista.

Álcool -A chegada de novas usinas vem impulsionando a economia de parte dos 78 municípios. Segundo Puccinelli, existem 14 usinas de açúcar e álcool. Sete novas começam a operar neste ano. A expectativa é chegar a 28 em 2010. E o número pode superar 40 em cinco anos.

Puccinelli faz as contas para viabilizar o alcoduto, interligando Campo Grande ao Porto de Paranaguá, no Paraná. Ele estima que a produção de 3,5 milhões de metros cúbicos por ano viabiliza o empreendimento, considerado uma etapa crucial no desenvolvimento do Estado, já que levará etanol e trará diesel. A meta significa dobrar a produção atual de 2 milhões de metros cúbicos, segundo o governador.

O governador afirmou que o próximo Governo deverá taxar os produtos primários para incentivar a agregação de valor em Mato Grosso do Sul. Ele citou o minério e o couro cru como as principais metas da nova taxa, a ser criada a partir de projeto de lei.

Outro desafio reconhecido pelo governante é incentivar as regiões norte e sul do Estado.

Sobre a cana-de-açúcar no BAP (Bacia do Alto Paraguai), Puccinelli e Zeca concordam que passa por negociação e debate com o Ministério do Meio Ambiente.

Os dois também concordam que o corredor biocêanico, que encurtará a distância do mercado asiático para Mato Grosso do Sul, fortalecerá a localização estratégica do Estado.

Papel - Outra aposta é no setor de celulose, que virou realidade com a implantação da VCP em Três Lagoas.

Uma grande indústria já está se instalando no Estado para a produção de celulose e já possui 40 mil hectares de floresta plantada e teve o projeto aprovado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

O Governo do Estado ainda luta para trazer para Mato Grosso do Sul a fábrica de papel e celulose da Portucel (Portugal Celulose), outro mega empreendimento que poderá resultar em investimento de US$ 3 bilhões.

O resultado da chegada dos empreendimentos está previsto no plano elaborado pela Seprotur (Secretaria Estadual de Produção e Turismo). O projeto prevê o plantio de 690 mil hectares de florestas até 2030.

Neste período, a produção de madeira no Estado deverá saltar dos atuais 4,4 milhões de metros cúbicos para 35,5 milhões de metros cúbicos. Somente no setor de celulose, o salto será olímpico, de 57 mil metros cúbicos para 21,8 milhões de metros cúbicos.

Crescimento – Puccinelli prevê que o PIB do Estado deverá dobrar em quatro anos, podendo superar R$ 50 bilhões. Ele acredita que o crescimento poderá astronômico, superando o chinês, com a chegada dos empreendimentos previstos.

O IBGE prevê que o Brasil poderá crescer de 4,5% a 5% ao ano. Neste caso, o Estado poderá crescer até 15% por ano, superando, inclusive os tempos do milagre econômico durante a ditadura militar.

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