Midiamax
Valdelice Bonifácio
Dois fatos marcaram a semana.O primeiro envolve o governador. Conhecido por declarações chocantes e provocações aos adversários, o governador André Puccinelli (PMDB) conseguiu se envolver em uma confusão na qual teria agredido um eleitor em plena caminhada no Bairro Aero Rancho, em Campo Grande. O fato que teve repercussão na imprensa nacional não foi o único escândalo na semana política em Mato Grosso do Sul.
No segundo, o protagonista é o deputado Rigo. A Assembleia Legislativa confirmou contrato de R$ 1,8 milhão com a empresa H2L Equipamentos e Sistemas LTDA pelo aluguel de impressoras. A empresa é a principal doadora da campanha do primeiro-secretário da Casa de Leis, deputado estadual Ary Rigo (PSDB) que, aliás, é candidato ao sétimo mandato parlamentar.
A discussão entre Puccinelli e o montador de acessórios de carro Rodrigo de Campo Roque, de 23 anos, tem duas versões, a do segurança do governador que registrou Boletim de Ocorrências e a do rapaz que não conseguiu registrar queixa nas delegacias que percorreu porque os delegados, sem explicação plausível, não aceitam. Os dois lados se dizem vítimas, agredidos e não agressores.
O segurança diz que Puccinelli levou um tapa no rosto e um chute do rapaz e segurou o jovem pelo braço para se defender. Roque afirma que o governador apertou-lhe um ombro provocando dor e acertou-lhe um tapa na cara.
Toda a confusão teria começado quando Puccinelli interpelou o jovem na tentativa de fazê-lo aceitar um santinho seu. O rapaz teria adiantado que não votaria em Puccinelli por ele era “ladrão”.
O governador questionou: “você está falando que eu sou um ladrão?”. Roque teria dito que os jornais é que estavam dizendo que ele era ladrão. Puccinelli teria pedido respeito, momento em que a agressão física teria começado. O candidato à reeleição diz que apenas apanhou e não revidou, mas Roque assegura que ele bateu.
No Boletim de Ocorrências, segurança e governador são tratados como vítimas injúria real (ofensa à dignidade provocada mediante violência) e agressão. Roque que não consegue registrar sua versão na polícia ainda passou cerca de quatro horas preso na Cepol (Centro de Integrado de Polícia Especializada) após o tumulto no Aero Rancho.
A OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil) seccional Mato Grosso do Sul classificou como “absurdo” o impedimento do registro do B.O. A entidade também já entrou em contado com a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) para obter informações oficiais sobre o caso e aguarda resposta.
Na Assembleia, a coincidência de R$ 1,8 milhão
A prestação de contas de Ary Rigo ao TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral) de MS confirma: a H2L fez uma transferência eletrônica de R$ 100 mil em 25 de setembro de 2006 e doou um cheque de R$ 10 mil há quatro anos, no dia 21 de julho. Com o total, de R$ 110 mil reais, a empresa é a principal doadora individual listada.
A empresa disputou sozinha a licitação que lhe garantiu um contrato de R$ 1,8 milhão. As outras duas participantes, Futura e Print Cópia, foram desclassificadas pela comissão de licitação.
"Não tem nada de errado com a licitação. Se tiver algum problema, sou o primeiro a cancelar tudo. Não sei porque você estão mais preocupados com isso do que as empresas que perderam. Não vi nenhuma empresa reclamando, só esse jornal", respondeu Rigo ao enfrentar questionamento da reportagem do Midiamax.
O experiente deputado também disse não se lembrar se a H2L efetuou alguma doação para sua campanha em 2006, mas nome e valores estão registrados na Justiça Eleitoral.
Pesquisa: oposição elegeria dois senadores
Se as eleições fossem hoje, a coligação de oposição levaria as duas vagas ao Senado, foi o que anunciou pesquisa de intenção de votos do instituto Ibrape/ Correio do Estado. A coligação “A Força do Povo” encabeçada pelo ex-governador Zeca do PT elegeria o atual senador Delcídio do Amaral (PT) e o deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT).
Os candidatos da coligação do governador André Puccinelli (PMDB) “Amor, Trabalho e Fé” o vice-governador Murilo Zauith (DEM) e o deputado federal Waldemir Moka (PMDB) aparecem bem atrás na preferência do eleitorado.
Delcídio do Amaral aparece com 49% das intenções de voto. Dagoberto Nogueira conta com a preferência de 41% dos eleitores. Como se vê, a distância entre os dois candidatos está diminuindo. Em abril, a diferença entre os dois era de 31%. Pela pesquisa, Moka tem 23% e Murilo 24%, ou seja, pontuação com a qual não se elegeriam hoje senadores.
Delcídio e Dagoberto receberam a pesquisa sem surpresa. De modo geral, eles acham que a população não quer manter o atual grupo que comanda o Estado no poder. Fato que influencia as eleições ao Senado.
Murilo, o terceiro colocado, ficou feliz pelo desempenho. Afinal de contas, diz ele, cresci nas pesquisas. De fato, em abril, ele tinha 18 %. Em quarto lugar, Moka foi o único que não se manifestou sobre o levantamento. Seu telefone permaneceu desligado.
Valter com Zeca e Dilma
Falando em senador, Valter Pereira (PMDB) confirmou a esperada guinada eleitoral. Ele que está rompido politicamente com André Puccinelli declarou apoio a Zeca do PT. Agora, aguarda a confirmação de seu nome para coordenar a campanha da candidata à presidência da República pelo PT, Dilma Rousseff, em Mato Grosso do Sul.
Zeca do PT trabalha para sacramentar a indicação. Ele tenta marcar para quarta-feira uma reunião com Dilma. O ex-governador quer incluir no encontro o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha e o assessor de Lula, Gilberto Carvalho e o presidente do PT, José Eduardo Dutra.
Aliás, Zeca já esteve em Brasília nesta semana. Percorreu órgãos de segurança denunciando uma suposta espionagem em sua campanha eleitoral. Ele também bateu às portas da Segurança Pública estadual para tratar do assunto.
“Se alguma coisa acontecer de mal a mim, a alguém de minha família, ou às pessoas que trabalham comigo, vou responsabilizar a segurança pública por isso”, afirmou.
O PMDB não pretende punir Valter Pereira pelo apoio a Zeca, mesmo porque, segundo o presidente regional da sigla, Esacheu Nascimento, não há ninguém que seja inteiramente fiel ao seu partido hoje em dia, logo não deve ser o senador o único punido.
O dirigente citou que o próprio governador tem fugido à regra da fidelidade partidária. “Em Aquidauana, ele disse que tem três candidatos a senador Waldemir Moka (PMDB), Murilo Zauith (DEM) e Delcídio do Amaral (PT)”, afirma. Murilo que comentou a declaração do presidente do PMDB disse não acreditar em tal coisa.
Coladoração: Esér Cáceres e Liziane Berrocal
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